agosto 30, 2009

Receptáculo

Sentia-se totalmente isolada dentre mil pessoas.
Entre variados tipos de gargalhadas desesperadas, ela procura refugio.
Sua armadura está enferrujada, e não há para onde correr.
Cinzas caem do céu, anunciando uma nova depressão academica.
Mostre-me o futuro. Esta é a nova geração.
Então descarreguem todas as suas forças. Não haverá resultados.
A construção não está como ela planejou.
Observando todos esses alfabetizados desonestos.

agosto 27, 2009

Mais uma xicara por favor!

Eu sempre ia ao Café, sempre sentava no mesmo lugar e pedia as mesmas coisas. A garçonete muito simpática, sempre me atendeu bem. Como eu tinha me tornado um cliente frequente ela começou a perceber quais eram os meus “costumes” por lá... E sempre quando eu entrava ela vinha com aquele sorriso maroto, com uma expressão tão boa que conseguia te passar um sentimento bom. E logo dizia:
- Oi senhor, vou preparar a sua mesa.
- O mesmo de sempre?
Com uma educação tão grande que você se sentia a pessoa mais importante do mundo. Já acomodado em meu lugar ela vinha com uma xícara de café expresso e um pouco de rosquinhas bem doces.
– Aqui está.
Dizia ela ainda com aquele sorriso, e logo ia atender outro freguês. Adorava aquele lugar não o trocaria por nenhum outro. Sentia-me realmente confortável lá, era acolhedor e seguro. Certo dia estava seguindo a mesma rotina e ao entrar percebi que havia algo diferente, não que o lugar estivesse mudado, mas havia um alguém que nunca tinha visto por lá, um alguém sentado nas mesas dos fundos. Logo percebi que era uma mulher, aliás, menina–mulher era de uma beleza incomum, nunca tinha visto algo parecido antes. Havia algo nela que me chamava a atenção demais, eu ainda não conseguia identificar o que era exatamente... Mesmo assim continuei seguindo em direção a minha mesa. A garçonete aproximava-se e logo percebeu o meu semblante e disse:
- Pelo visto o senhor também percebeu que temos clientes novos aqui.
Com um ar meio sarcástico e irônico. Eu não conseguia tirar os olhos dela, eles estavam fixos em cada gesto que ela fazia. Percebi que ela havia chamado a garçonete com uma voz tão doce que me envolvia por completo. Logo a garçonete trouxe um Milk-shake de chocolate, aquele pedido entregava todo o jeito menina que havia nela. Com o pedido atendido ela virou-se como se estivesse procurando algo, com uma expressão como se estivesse com dificuldade em achar, com um sorriso bobo ela levou a mesa um livro e uma máquina fotográfica, aquilo me trouxe certa curiosidade afinal, o que ela estava lendo? Será que ela é fotógrafa? Eram muitas perguntas que envolviam a minha mente e cada vez aquela inquietante vontade de ir lá conversar com ela ia me afogando em ansiedade e medo. Depois de algum tempo nessa mesma angústia, reparei que ela havia notado a minha presença ali, olhando levemente por cima dos óculos. Fiquei totalmente encabulado com aquilo, virei o rosto com violência para que ela não visse que eu estava observando-a. Notei também que ela percebendo a situação balançou a cabeça como gesto de
negação, dando um pequeno sorriso. Parece estranho, mais fiquei muito feliz com aquela reação. Dei-me por conta que a hora havia passado muito rápido e que tinha de ir embora. “Cai na real” e ri de mim mesmo, percebendo o tamanho da confusão que havia me metido, afinal, eu tinha
25 anos, e ela aparentava ter uns 17, no máximo. Pronto pra deixar aquele lugar, pegando o dinheiro pra pagar a conta - que por sinal eu iria pagar por algo que eu não consumi. É, ela havia realmente prendido a minha atenção - . Pronto para deixar o local fui abordado por um alguém tentando chamar a minha atenção, meio surpreso olhei pra trás e lá estava ela, parada atrás de mim com uma bolsa enorme e um sorriso encantador. Estava perplexo, por um segundo tive uma reação de pânico. Tentando me controlar pra que ela não suspeitasse de nada tentei dar alguma explicação ou simplesmente me despedir dela, ela não me deu tempo suficiente pra pensar em algo, e logo disse meio encabulada:
- Hei, seu ziper.
Com um leve sorriso, ela caminha em direção a saída. Fiquei parado ali por alguns instantes tentando me convencer que aquilo tinha realmente acontecido. De algum modo eu havia conseguido chamar a atenção dela, mesmo de forma meio constrangedora.


PS: por complicações na ultima postagem, eu tive que postar de novo. [modificado]

agosto 11, 2009

Sutilmente.

Não, eu não estava tão surpresa ao revê-lo.
A minha respiração estava pesada e meu coração estava aos berros.
Meus olhos denunciavam a minha raiva. Inundavam-se.
Meu corpo foi tomado por uma sensação de inquietação.
Sentia o gosto de vingança na boca, e todas as oportunidades caindo como chuva.
Eu estava cética e fria.
Nada que ele falasse faria diferença, agora nada mais importava.
Eu estava pronta. Aquela era a hora.
Enfim nos encarávamos.
O mundo se silenciava atrás de nós.
Até que ele sussurrou palavras ao vento, e o meu coração explodiu.
Aquela era a hora, e eu não estava pronta.

"A cada dia que eu morrer, espero que você morra dois." - CPM 22